O Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para a sua Soberania (MRPCS), que tem como presidente o activista e advogado Arão Bula Tempo, afirma em comunicado (que transcrevemos na íntegra) que “a administração angolana, contrariamente aos sucessivos apelos em prol de uma resolução democrática do conflito, vai intensificando a exibição da sua hegemonia bélica, ignorando as propostas de diálogo”.
«C abinda, antigo protectorado Português, traída e anexada unilateralmente à administração política angolana, foi invadida militarmente por forças armadas de Angola, em 1974. Em face desta desastrosa decisão do governo português, os cabindas, organizados, opuseram-se à ocupação expansionista angolana do seu solo pátrio, cuja resistência prossegue ainda sob inúmeras formas.
No transcurso dos 43 anos de colonização angolana, em que o martírio, os homicídios, os assassinatos, as detenções e prisões, o abuso contra a dignidade da pessoa humana e a pobreza extrema testemunham manifestamente o tratamento reservado a um povo colonizado, os Cabindas têm vindo a apelar à administração angolana no sentido de assumir uma nova postura política que facilite a construção de um quadro favorável à resolução do problema de Cabinda, em que as armas sejam substituídas pelo diálogo.
A administração angolana, contrariamente aos sucessivos apelos em prol de uma resolução democrática do conflito, vai intensificando a exibição da sua hegemonia bélica, ignorando as propostas de diálogo.
Considerando que a administração angolana, insistentemente, vai recrudescendo a sua conduta repressiva e intolerante diante da boa vontade política expressa em propostas feitas pelas distintas lideranças políticas cabindesas;
Sendo que um posicionamento de coragem e de bravura deve ser assumido com vista à reactivação e intensificação das acções inerentes ao relançamento do problema de Cabinda para níveis que permitam a sua internacionalização, tendo como finalidade a renovação do seu reconhecimento no plano internacional, visando uma solução efectiva ao problema;
Assim sendo:
O povo de Cabinda, perante este quadro tenebroso e dramático, associado ao gravoso estado de degradação social e económica que o remete para a miséria, sem causa justa, através dos seus filhos amantes da pátria, faz saber à comunidade nacional cabindesa – no interior e no estrangeiro –, à comunidade internacional, particularmente à União Africana, à União Europeia e à ONU, o surgimento do movimento político denominado Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para a sua Soberania (MRPCS), fundado a 10 de Abril de 2000, em Cabinda.
O MRPCS é uma organização política que tem como objectivo de luta a Autodeterminação do Povo de Cabinda.
O MRPCS almeja a unidade e a cooperação com as diferentes organizações políticas cabindesas, que tenham a autodeterminação como objectivo insubstituível e inadiável.
O MRPCS considera, respeita e conserva o sacrifício consentido e o trabalho desenvolvido por todos os cabindas nas diferentes formas de luta pela conquista da liberdade, desde os Pais da Revolução Cabindesa aos seus filhos continuadores.
O MRPCS assumirá, no seu percurso político, um posicionamento assente na prática diplomática para a projecção dos seus fundamentos, objectivos e fins da luta, preservando os direitos e interesses do Povo de Cabinda e da comunidade Internacional.»